“a gratidão alivia a alma.”
Como se faz um livro? Me recordo de alguém me dizendo que o essencial é ter um ponto de equilíbrio, uma razão essencial para onde a obra gira. Em Pollyanna eu diria que razão essencial é a gratidão. Aquilo que nos coloca para pensar durante a leitura.
Pollyanna tem cenas divertidas e personagens cativantes, mas enquanto lia, o que mais me vinha a mente é como a gratidão tem um poder gigantesco. Essa leitura me trouxe principalmente esse pensamento.
E percebo como isso implica em saúde pra vida. Até mesmo doenças da mente como mania de perseguição são facilmente superadas se simplesmente o exercício de gratidão estiver sendo empregado.
A gratidão te faz mais humilde, te ajuda a enxergar a vida de uma forma mais leve e os pequenos detalhes do dia-a-dia ganham uma cor mais bela. A gratidão é libertadora e é o remédio pra uma grande parte das enfermidades da vida, inclusive ansiedade.
Pollyanna trata desse tema com uma protagonista que leva esse olhar a nova cidade onde vai morar através de um jogo chamado “jogo do contente”. Quando algo lhe causava mal, Pollyanna jogava o jogo dizendo “pelo menos não houve isso de pior.” Ou “que bom que ajudou alguém assim”. A menina a medida que ia conhecendo as pessoas da cidade ensinava o jogo a elas, logo a atitude de metanoia (mudança de pensamento) misturada com a diversão e o desafio de um jogo (o desafio era descobrir o que a deixava contente na situação ruim) tomou conta de toda a cidade. É uma obra maravilhosa em todo seu contexto.
Isso é psicologia, é aprender a lidar com os próprios sentimentos, o que hoje gostam de chamar de programação neurolinguística. A gratidão é uma das grandes bases para o amadurecimento psicológico saudável e é um princípio muito antigo.
Por que então é tão difícil muitas vezes sermos gratos? Com frequência eu mesma percebo que me tornei ingrata, que preciso “reprogramar” meu ponto de vista para não perder o foco da verdadeira liberdade. Porque simplesmente não nascemos gratos?
A palavra para isso é inconstância. Vi uma matéria certa vez que dizia que o ser humano leva em torno de 28 dias pra se acostumar com sua realidade, e leia-se, no contexto que estamos falando que, tudo o que o ser humano fizer após 28 dias vai se tornar monótono. Mas aí, hoje em dia eu vejo o quanto o mundo trabalha em função disso também. Se você conseguiu aprender algo, você precisa aprender o próximo passo, afinal de contas vivemos em um mundo onde as atualizações estão acontecendo a cada segundo, se você parar vai com certeza ficar pra trás e ninguém quer sentir que está para trás, é uma questão de auto estima aí. A gratidão então, não tem base firme, não pode se instalar por que tudo está sempre em movimento e gratidão, ao contrário, exige a atitude de inspirar e relaxar. De olhar o presente a todo momento com satisfação. De estar firme e sólido naquilo que se tem e se o que você tem é simplesmente um monte de natureza morta, séries do Netflix ou dinheiro, então nunca será possível ter a gratidão em sua plenitude. Coisas que são usadas no intuito de preencher o vazio, mas que são nulas em si mesmas jamais conseguirão trazer plenitude a alguém, quanto mais ser causador de uma atitude como a gratidão.
Uma das cenas que me marcaram durante a leitura de Pollyanna se dá quando Nancy, a empregada da casa, está conversando com ela sobre o jogo e ela diz que por ter jogado muito com seu pai quando mais nova, agora para ela não é difícil ver as coisas boas, pois havia se acostumado com o jogo. Apesar de não ser nosso padrão assim que nascemos, a gratidão pode crescer com exercício e assim como podemos nos acostumar após 28 dias com qualquer situação, também podemos tornar a gratidão um hábito. Assim como todas as boas práticas. É tudo uma questão de qual cachorro você alimenta mais. Creio que seja por isso também que é essencial aos pais passarem esse tipo de compreensão aos seus filhos, como aquela semente plantada desde cedo, imagine só que árvore frondosa daria uma semente dessas plantada desde cedo! O problema é quando a concepção de gratidão vem distorcida dos pais, mas isso é assunto para outro texto!
No geral, Pollyanna falou muito comigo. Achei um livro excelente e digno de ser considerado clássico.
Agora, um pouco sobre a obra e autora:
Eleanor H. Porter era cantora antes de virar escritora. Nasceu em 19 de novembro de 1868, na Nova Inglaterra. Foi no início dos anos 1900 que trocou a carreira de cantora por escritora e seu primeiro livro bem sucedido chamava-se “miss Billy”, publicado em 1911. Mas “Pollyanna” foi o livro que tornou Eleanor uma autora clássica, foi lançado em 1913 e se tornou fenômeno imediato, vendendo milhões de cópias. A continuação “Pollyanna moça”, lançada dois anos depois, tambem se tornou fenômeno e atemporal.